Quem nunca?

domingo, 13 de outubro de 2013 06:27 Postado por Divagações, pão e circo 1 comentários
Um belo dia eu acordei sem medo. Acho que o grande papel que a escrita exerce em minha vida é o poder de me conduzir pelas minhas lembranças e meus caminhos afetivos pessoais.

Sabe aquela coisa de colagem? A cartolina branca em que você vai colando uma palavra na outra, uma imagem na outra?
Quem nunca chamou uma emoção para conversar, seja uma acesso, uma risada de doer a barriga ou uma lágrima proveniente do fundo d'alma? Sempre imaginei os artistas como pessoas incompreendidas, meio insanas. Gordo, careca e meio alcoólatra.

A minha inadequação caminhou para o caminho das letras. Catar os cacos. Gerar um desconforto interno pode ser um lugar bem interessante. Quem nunca mentiu para si e acreditou piamente na sua própria verdade. Quem nunca se doeu de amor, numa intensidade oceânica, ligou o rádio no momento exato que a sua música preferida começou a tocar? Daí você não sabe se dança ou chora, se ri ou se enamora, em que caminho a emoção vai te levar.

Quem nunca gravou a música preferida em fita k-7 de rádio AM? Só para ouvir e ouvir de novo e ouvir mais 20 vezes? Lápis de cor para dar um UP no cinza da alma. Gosto de pensar no belo, no etéreo, no interior. Música para nos conduzir a caminhos internos nunca antes acessados. Filhos para nos desafiarem a sair de nossos confortáveis assentos.

Minha mulher me sugeriu recentemente que eu, assim como ela,adotasse uma caixinha de lembranças. Tornar palpável o que é subjetivo, sair do campo abstrato para o concreto. Bem possível. Crível. Acabo de me dar conta do caminhar da vida e meu filho se encarrega de me lembrar diariamente, à medida que cresce e toma para si a forma física. Lembranças tem cheiro, gosto, sensações que carregam consigo um quê de saudade. Nossa impermanência e nossa finitude nos tornam factíveis e humanos pertinentes.Sempre acho que os meus textos tem um toque de dor. Talvez por ser a minha dor uma dor poética. Sofro sem motivo. Sofro uma ausência que não houve. Passou e ficou na lembrança viva, realçada por cores fortes e mortas. Ela está lá. Não me iludo. Quem nunca?









Faz tempo...

quarta-feira, 9 de outubro de 2013 06:19 Postado por Divagações, pão e circo 1 comentários
Hoje fez tempo nublado. Faz tempo que não posto aqui. Nublou a alma. Faz tempo que não estudo Matemática. Me dou direito a hiatos. Pausas. Reflexões. Para observar, é preciso tempo. Secou a inspiração. Me respeito. Agora deu vontade de voltar. Passou a nuvem. Veio o sol. O sol depois da chuva. Retomei a terapia. Antes, era um. Agora, somos três. A vida mudou, o tempo passou, eu mudei. Precisei retomar este espaço porque senti falta da "folha em branco". Laptop na mão. Nova viagem, menos solitária, menos monocórdia. Mais atrativa, mais sorridente. Um mais um na minha matemática particular é igual a três.