Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010 16:48 Postado por Divagações, pão e circo 7 comentários

Fui levado a pensar e repensar as pequenas coisas. Como se eu não fizesse e refizesse isso o tempo todo no blog. Criatividade? Mandou lembranças... Mas neste post ganham contornos fortes os bibelôs, os balangandãs, as pequenas coisas que a gente só guarda para a gente e que normalmente não interessa muito às outras pessoas. Meus bibelôs andam compondo sonhos. Realizando sonhos. São coisas que levo comigo. Conhecer a Deborah Secco era uma aspiração minha. Passar 30 minutos com ela, comer chocolate e tomar coca-zero com ela (demorou, mas saiu melhor que a encomenda, hein Deus?? Valeu aê...) Passar o Reveillon a dois,só amando? Coisa minha. Ou melhor, coisa nossa... Dêem uma semana para a gente, afinal serão dois celulares desligados. Só Deus, o mar e NÓS.... Também terei uma família de margarina Doriana (tá registrando aí né, Amor?) e ai de você se vier me contrariar... Se não for para você torcer pela gente, PODE VOLTAR PARA O MAR, OFERENDA.... (rs, hoje eu tô gaiato...)Também quero ter uma sala acústica e botar o som no volume 30 e não incomodar ninguém. Sonho meu. Sonho de consumo. Pequenos sonhos? Besta? Parece pouco? São pequenos desejos que acalento. Coisa minha. Talvez nem seja este um post interessante. Mas tem muito de mim nele. Ou pouco. Muito (pouco). Muito pouco. Ihhhh, tô confuso. Mas sou eu. Somos NÓS, Eu e o amor. E ultimante, juro, isso é mais que suficiente. Viva as coisas simples da vida. Ora, blogs!

O tubo de pasta dental

quarta-feira, 24 de novembro de 2010 17:17 Postado por Divagações, pão e circo 0 comentários




Os primeiros raios de sol anunciam o começo de um novo dia. Faltam quinze para as seis. Laura tinha que se levantar. Precisava pegar duas conduções para chegar ao trabalho. Ela trabalhava como costureira numa confecção.
Como diz a música de Chico, “todo dia ela faz tudo sempre igual”. Ao abrir os olhos, olhava para o marido. Aquele gesto parecia lhe dar a certeza de que valia a pena viver. Seu casamento com Orlando era seu porto seguro.Ele ainda dorme, pois afinal naquele dia só daria aulas à tarde.
A seguir, Laura vai até o banheiro e confere seu rosto, que já começa a ser castigado pelas marcas da passagem de tempo. Observa e arranca os cabelos brancos que encontra. Sabe que em pouco tempo esta será uma luta inglória e inútil. Era necessário trabalhar com a idéia de que estava envelhecendo e isto era público e notório. Tinha acabado de completar 40 anos. Meu Deus, 40 anos!!!
Só naquele momento se deu conta de que chegara à metade da vida. Ao se preparar para escovar os dentes, notara que o tubo de pasta dental estava pelo meio. A sua vida poderia, a seu ver, ser comparada àquele tubo. Um dia, tudo terminaria. Ela não precisaria nem poderia comprar outro.
Uma conclusão atormentara sua mente: a de que não queria fazer da outra metade de sua existência o que fizera com a primeira. Tudo bem,construíra uma família feliz. Era importante para ela, mas passou a não ser tudo.
Laura sentiu uma sede de viver, de experimentar, de tentar ser realmente feliz. Estava entusiasmada com a sua descoberta. Era engraçado como encarava a vida a partir de agora. Não sentia vontade de voltar ao trabalho. Emprego estava difícil, mas encontraria algo que a realizaria. Não se mataria mais num emprego que a dava pouco retorno financeiro e nenhuma felicidade.
Colocou um belo vestido. Fez a mala. Se despediu de cada canto da casa. Talvez, nunca mais teria a oportunidade de estar ali. Foi ver os filhos. Sorriu para o marido, que ainda dormia, pela última vez. Deixou uma carta explicando tudo.Esperava que Orlando entendesse.
Era o fim. Ou o começo. Um recomeço. Poderia ir para a casa da tia. Tinha como opção “tomar um chá de sumiço”. Pensaria nisso lá fora, na rua. Bateu a porta, pegou o elevador e ganhou a calçada.